Boa noite meus amigos,
Já não escrevia um Post há algum tempo, mas um Blogue
é isso mesmo, escrever quando se justifica ou quando nos apetece, libertação de
pensamentos e não uma obrigação de escrever diariamente como um jornal.
Esta noite, por mero acaso, apanhei o novo programa
da RTP1 a começar, e logo com o nosso Primeiro-ministro (PM), não resisti a
fazer a minha análise da linguagem não-verbal.
Esta é uma análise pessoal, em que assumo que o que
observei foi de uma forma directa e sem recurso a repetição de vídeo para uma
apreciação mais detalhada.
Vou analisar o que me foi mais claro e directo sendo
que é o que todos os espectadores tiveram acesso, e que poderia ser analisado
numa conversa normal no dia-a-dia.
Para aprenderem o que observar e a prestar mais
atenção a certos detalhes.
Se para um trabalho fosse requerido, teria de ser
analisada mais ao pormenor e vendo e revendo o vídeo.
Análise dos
sinais que vi:
No início do programa, o PM estava muito fechado na
cadeira, demonstrando alguma intranquilidade e desconforto.
Deve ter-se apercebido disso e… levantou-se, mudando
radicalmente de atitude. Aposta ganha. Ganhou confiança e apresentou uma
postura mais poderosa.
Informação
Importante:
Segundo Joe Navarro, as pessoas transmitem mais
emoções quando ouvem a pergunta do que quando estão a responder. E é aí que
devemos ter atenção ao comportamento, pois é quando a pergunta está a ser feita
que o cérebro assimila a informação e reage instantaneamente á mesma. Quando se
está a responder já se consegue ter um pouco de controlo e dissimular um pouco
mais.
Voltando à análise…
O PM tinha a cabeça inclinada enquanto ouvia.
Cabeças excessivamente inclinadas são um potencial
sinal de afinidade, a pessoa está a “oferecer” um ponto fraco, neste caso o
pescoço, um ponto vital.
Teve o cuidado em tratar as pessoas sempre pelo nome
e repeti-lo algumas vezes. Isso gera uma empatia enorme com quem se comunica,
segundo Janine Driver, “o som mais doce sobre a terra é o do nosso próprio
nome.”
Durante este programa foram tocados alguns pontos-chave
da política do momento.
Algo que me chamou a atenção foi que o PM não
utilizou tempo para refletir nas respostas, e sem hesitações começava a
justificar. Sempre com as respostas muito bem preparadas. O que não deixa de ser
incrível.
Por exemplo, quando o PM diz que é a primeira vez que
está a ter uma pergunta sobre a extinção dos Governos Civis, tinha a resposta
muito na “ponta da língua”.
Estava sem dúvida muito bem preparado.
Não querendo sugerir que o PM já sabia as perguntas
previamente e já as levava preparadas de casa, pois são temas que se debatem
diariamente e já as deve ter respondido vezes sem conta no seu meio político.
Para além disso, ou as pessoas já iam com as perguntas
e respostas combinadas, ou estavam a ter receio do poder do PM e da presença na
TV, pois a concordância com o que este dizia era enorme. Salvo raras excepções,
não mostravam qualquer irritação com a resposta, ou vontade de ripostar. Acenavam
sempre positivamente a tudo e com ar serenos.
Comportamentos
corporais que o PM utilizou para uma influenciação muito positiva.
Teve quase sempre um comportamento corporal muito
calmo e seguro.
Foi ficando mais forte e seguro de pergunta para
pergunta. Durante o programa o aumento de confiança foi notório.
Pernas abertas com os pés paralelos a cerca de 25 cms
ou um pé avançado para quem respondia, postura forte e direita, corpo sempre
virado para quem falava.
Levantou-se e foi para a frente das pessoas.
Aproximou-se das pessoas que o inquiriam para
mostrar segurança, demonstrando que não tinha medo, não recuou, expôs-se.
A voz:
Sempre muito serena, melódica, e com um discurso
calmo e palavras muito bem articuladas.
Manteve sempre o mesmo timbre durante as perguntas,
sem se exaltar.
Mãos:
Falou com as mãos muito abertas, mostrando muito as
palmas da mão, o que é um comportamento que transmite honestidade.
Excelente comunicação com as mãos, guiando o discurso
e os espaços temporais.
Linguagem não-verbal:
Uma gravata azul projeta uma presença calma e
conservadora e é uma cor tradicionalmente masculina. Se você quer ser a pessoa
responsável com uma espécie de autoridade tranquila que não precisa gritar,
azul é a melhor cor para você.
Contrassensos
entre corpo e discurso:
Na pergunta do imposto sobre a restauração, quando
dizia que não sabia se ia mudar o imposto a sua cabeça afirmava que sim
enquanto a sua resposta dizia que não. Isso leva-me a crer que o PM já sabe se
vai mudar o imposto ou não. Apenas não o quis dizer ali.
Enquanto ouvia a pergunta, engoliu varias vezes a “seco”
demonstrando muito intranquilidade com a mesma, o que justifica um pouco mais o
não querer dizer já hoje a decisão.
E quem
perguntou? Também manifestou emoções?
Quem estava no público demonstrou imensos
comportamentos de desconforto. Provavelmente pela falta de hábito de aparecer
na televisão, e também pela importância e poder da pessoa presente à sua
frente.
Foi possível observar muitos gestos pacificadores, nas mãos e nas
pernas de quem falava e quem estava ao lado. Numa tentativa clara de acalmar os
nervos.
Um dos comportamentos mais expressivos de quem fazia
as perguntas foi de uma senhora que tinha os lábios em via de desaparecer “engolia
o lábio inferior”, segundo Joe Navarro, este comportamento é associado ao
stress e ansiedade.
O momento caricato da noite foi quando o Sr. Taxista
teve como resposta que a culpa dos preços da gasolina eram dos hidrocarbonatos,
a sua cara de espanto foi muito clara e expressiva.
Era capaz de afirmar que
este não entendeu a resposta…ou não esperava o argumento.
Mudança de
comportamento:
Na última pergunta a falar do futuro, mudou a postura.
Com olhos cerrados e confiantes, com voz firme e
positiva, gestos fortes e seguros de confiança falou.
Neste momento levantou o timbre, criou intensidade.
Isto treina-se ou sente-se…
No final estava com o controlo total da entrevista,
até a pausando para perguntar as horas.
Nas últimas perguntas a sua força e energia eram
contagiantes, abafando um pouco o impacto e importância das perguntas.
Cada vez se aproximava mais de quem lhe colocava as
questões.
Para finalizar, o tema quente do momento, Sr. Rui
Manchete. O PM adoptou uma postura de quem se sente atacado e contrariado.
Fechou os olhos prolongadamente durante a pergunta, comportamento que acontece
quando não queremos ver algo. Por breves momentos escondeu-se por trás dos
olhos.
Não queria seguramente ouvir falar deste assunto. O timbre de voz
alterou-se. Ficou mais agressivo e com um volume bem mais elevado e exaltado.
Logo de seguida, já no final quando dava o genérico,
foi possível ver o PM a pacificar-se e a acalmar nas mãos.
Foi o momento intenso da noite e puxou pelas emoções
do PM.
Resumindo: MUITO BEM PREPARADO. Parabéns SR. PM…
Para quem não viu. Aqui está o vídeo.
Comentem, é importante.
Obrigado,
Mário Morais José
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